sexta-feira, 29 de maio de 2009

And She said...

There was a game we used to play. We would hit the town on Friday night. And stay in bed until Sunday.We used to be so free. We were living for the love we had and
living not for reality...

It was just my imagination. Just my imagination. Just my imagination.

There was a time I used to pray. I have always kept my faith in love. It's the greatest thing from the man above. The game I used to play. I've always put my cards upon the table. Let it never be said that I'd be unstable.

It was just my imagination. Just my imagination. Just my imagination.

There is a game I like to play. I like to hit the town on Friday night. And stay in bed until Sunday. We'll always be this free. We will be living for the love we have. Living not for reality.

It's not my imagination. It's not my imagination. It's not my imagination.

domingo, 24 de maio de 2009

Catarse

No final das contas, o contrato entre a mente e a Arte se dá por assim dizer através de um acordo. Todas as neuroses, vulnerabilidades, suscetibilidades e obsessões se tornam mais discretas em vida corrida para se tornarem extravagantes em vida decorrida.

Comete-se crimes bárbaros com palavras, pincéis e músicas. Ninguém paga. Não há culpa. Ninguém lamenta. E o que existe se camufla do que não existe para se sentar ao nosso lado em salas cheias. Para transitar entre nós.

Então, o artista prossegue com essa dócil sagacidade. Driblando leis, ética, palavras, sociedade, família. Driblando a si mesmo para fazer existir o que nele há de mais secreto, mais abjeto, mais sublime. Para se satisfazer secretamente.

Entrementes, eu permaneço com esse bisturi cirúrgico nas pontas dos dedos. Permaneço tentando dissecar a Psiquê, o inefável. Traço um corte profundo desde o meu períneo até a medula espinhal para remexer o que posso encontrar no dia de hoje. O que eu vejo.

Trago tudo a tona, enumerando pedaços da anatomia humana.

Para a literatura, tudo é estética. Estilo.

Para mim, emoção emergindo. Sentimento esbarrando contra os órgãos quando lhe arranco. Narrações de viagem. De nascimento.

Acordo silencioso. Irreal e real estabelecendo contratos sussurrados. Disfarçando feiúra com beleza. Certeza com dualidade. Simplicidade com ambigüidade. Para que isso viva. Respire sem me ferir, sem me ferrar. Para que eu me satisfaça.


Enquanto isso, em algum canto da cidade...


Acordava quase todos os dias muito cedo e cedo, o sono fugia de seus olhos. Como poeira sendo desprendida em vento. Tinha o privilégio de ver o nascer do sol em ponte de asfalto que separava/unia dois lados da cidade. Era quase do gueto porque nasceu sabendo brigar. Sabendo se camuflar ou se ressaltar quando bem o queria. Sabendo ser lânguida de movimentos súbitos. E também era quase andorinha que sobrevoava as manhãs com cheiro de sal em baía podre. Sobrevoava tudo.

Tinha um jeito de abraçar aqueles que amava que era seu. Sem apertar, mas fazendo questão de encostar o coração. Quase fazendo ligadura de artérias. E beijava como se beijasse o mundo. Porque tinha essa mania de universalizar. E até um beijo era propício para tudo. Nunca beijava da mesma forma.

Às vezes, quando acordada sozinha na madrugada, caminhava de um lado para o outro com roupas de casa. Tecidos leves. Cigarro de menta entre os dedos e unhas raspando a máquina de escrever. O gato riscando a mobília. Hábitos noturnos símiles.

Ela olhava para o jardim na frente de seu quarto de quando em quando e deixava se levar por pensamentos. Tossia porque seus pulmões nunca lhe prestaram muita fidelidade. Na infância, os nebulizara quase a ponto de escaldá-los. Por consciência pesada, jogava o cigarro e as guimbas fora de tempos em tempos.

Pode-se dizer que tudo faz e não faz sentido. Pode-se dizer que nada mais dói a ponto de chorar. E que não há mais nada para se odiar. E que a vida anterior foi plenamente exaurida. E que assuntos como dinheiro, materialismo ou competição continuam sendo léxicos que não afetam. Que tudo permanece num estado flutuante de envolvimento sem apegos traumáticos.

Pode-se dizer também que há amor verdadeiro em cada ligadura bem sucedida de artéria. Ainda que nem sempre em todos os beijos, por mais diferentes que fossem, houvesse realmente amor.

E que tudo se ganhou e se perdeu da forma certa. Começou, acabou, recomeçou... Às vezes, não acabou. Em outras, nunca recomeçou. Ou nem começou. E nada importa. Porque está bem da forma que é.

Então, é isso finalmente maturidade? Flexibilidade? Paz de espírito?

O que há depois disso, pensava ela olhando o mar, as andorinhas, o sol em ponte de metrópoles e em ponte de si para com o mundo. Ponte que unia/separava.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Animal Nitrate


Como o seu pai, você sabia que ele tinha Nitrato Animal em sua mente. E em seu conselho familiar, ele pulou sobre seus ossos. E agora você recebe isso segundo após segundo. Isso tudo te excita agora que ele se foi. E o que te excita tanto agora que seu Animal se foi?
Então, ele disse que te mostraria sua cama e os prazeres do sorriso químico. Então, em seu lar quebrado, ele quebrou todos os seus ossos e você aguenta segundo após segundo.
Isso tudo te excita agora que ele se foi. E o que te excita tanto agora que seu Animal se foi? Você já tem mais de 21? Agora, seu Animal finalmente se foi?
Animal, ele era um Animal, um animal...

(SUEDE)

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Aquário


Descubro sem surpresas que meu coração possui voz. Invade meus sonhos para sibilar o camuflado. Invade todo esse espaço de vida para colorir os contornos. Invade algum espaço dessas linhas. Palpita atrás das paredes sangüíneas em frêmito de cordas vocais.

Se eu não fosse tão Aquariana, usaria ele bravamente e errante por esse vasto mundo. Se eu não possuísse um cérebro metido a sentir também as coisas, a farejar as causas, conseqüências e afins, estaria por aí me esvaindo em veias e miocárdio. Aliás, eis o que se espera de alguém que nasceu realmente entre os dias 21/01 e 18/02. Espera-se que sinta com o cérebro e pense com o coração. Espera-se que seja futurista e perspicaz. E também que se delicie com todas as coisas abstratas do mundo. Com tudo que não pode ser preciso, provado ou comprovado. Com tudo que intui e permanece em suspenso. Com desenhos inacabados que devam acabar de ser preenchidos para existirem. Com Gestalt. Com surrealismos.

Espera-se de Aquarianos que sejam duvidosos. Nunca precisos. Sim, isso mesmo! Homens com um trajeto, um gesto delicado e suave. Mulheres com maneiras brutas ocasionalmente. Indefinição ainda que sutil.

Comportar masculino e feminino em si próprio é típico dos Aguadeiros. Juno e Zeus. Shiva e Parvati. Platão ficaria “orgulhoso”. E que nunca se fragmente a nossa capacidade de ser ambos e nunca um. De racionalizar. De intuir. De saber que a parte que completa reside na nossa alma. Que somos homens e mulheres de nós mesmos.

E que quando amamos não acreditamos nessa palhaçada de encontrar algo que está faltando. Porque esses espaços em branco, preferimos nós mesmos preencher. Amor se faz por acréscimo a um inteiro e nunca pela ocupação de ausências. Equilíbrio, encontre cada um sozinho.

Aguadeiros. Seres de olhares cáusticos. Displicentes por vezes. Apáticos. Quase irritantes. Blasés. Frios. Febris de vez em quando. Sabem chorar com elegância, mas sofrem com grosseria. Exagerados. Fazem um drama. Um infinito drama que um dia acaba antes de corroê-los demasiadamente aqui e ali.

Às vezes, eles ventam para longe. Em forma de tornado. Mas quando desejam, quando podem finalmente brisar, voltam. Aliás “ar” é o elemento de Aquário.

Aquariano gosta de amigos. De bons amigos. De amantes não óbvios. De misticismo esfarelado. De inalcançável em vislumbre. De magia interna. De crer em si mesmo. De otimismo pueril. Quase inconcebível.

Aquarianos defendem suas causas com unhas. E a si mesmo com dentes. Ideológicos, revolucionários, anti-convencionais... podem ser também bons astrólogos.

Aquariano é o colidir suave de futuro turbulento com presente estático. É eletricidade estourando ampères. É ser de crenças absurdas. É velho ou jovem carregando jarro transbordando de sabedorias forjadas no ego. Poções de infinito ser. É aquele que crer que uma simples conjunção estelar pode determinar personalidades e arquétipos.

Afinal, Aquariano pode crer em tudo. Desacreditar é ultrapassado. Determinar é ultrapassado. E o passado merece luto. Sepulcro. Cova. Precisa parir um futuro diferente. Precisa conceber Revolução em estado de tempo. Entre os ponteiros. Entre os meses. Nas mãos de Chronos.

O décimo primeiro de doze gravita até Peixes para recomeçar seu permanente ciclo.

E dessa vida pensa... Não se pode preencher a porra de todos os desenhos, nem ligar todos os pontos, nem completar as lacunas. Pode-se criar mais alguma delas e torcer para que outros cismem como cismamos. Muitas das Revoluções se fizeram sem passeatas. Muitas explodiram em nosso íntimo e chegaram apenas a alguns quilômetros. Não houve a divina grande mudança.

Mas quer saber? Sempre haverá um futuro... E esse poderá ser melhor.Sempre podemos aperfeiçoar a porra da Vanguarda. Ser delicosamente rebeldes ao que já está pré-estabelecido. Ser excêntricos. Futuristas. Otimistas.