quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Mar é

...Levantava as cascas de ferida dos escorregadios sentidos que aqui vivem.

Não me refiro àqueles que se contam nos dedos e no corpo. Mas sim àqueles em estado de melodia ou embrião. Àqueles que se movimentam como poeira matinal na luz, acarinhando o cerne, as lembranças, o que não sabemos. Que carregam alguma responsabilidade disso que somos e cujos nomes fogem-nos à boca toda vez que tentamos agarrá-los. Aprisioná-los por meio da colonização denominadora das palavras.

Nadam como carpas nesses gigantes universos mirrados que aqui moram. Ocasionalmente vêm à superfície. E por algum tempo, deixam-se assim ficar...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Co-Ser


A vida vai se amarrando, amarrando em costura simétrica. Frouxa em pontas, apertada em meios. Por vezes, confusa em seus nós. Outras, demasiadamente óbvia em tilintar de agulhas. Todas essas armadilhas manchadas com significado profundo. Todas essas necessidades de ser mascaradas de acaso. De sem sentido. De sem querer.

Mas jaz um porquê. Jaz um deve ser. Nunca entendi esses cálculos do tempo. Esse colidir de momentos, entrelaçar de pessoas, roçar de ações que constrói o mosaico, o bordado.

Nunca compreendi o Universo. Que sentado tudo tece. Espalhe-nos. Reúne-nos. Aperta-nos. Quase nos sufoca. Para depois nos libertar numa doce soltura que é mais soltura por causa da antiga prisão. Talvez seja privilégio de outros enxergar a obra por cima. Talvez apenas tecer nos caiba. Ou mesmo quebrar a cabeça em mistérios de vida consista também em simetria deste nó. Destino.

No momento, há liberdade. Um pouco de cansaço pelas idas e vindas da vida. No entanto, essa linha verde se mantém. Intacta em alguns aspectos. Puída em outros. Se mantém abraçando-se em outras cores. Coexistindo. Incorporando vales e mares de paisagens. Também absinto. Camuflada de sem querer. Disfarçada de acaso. Insignificante sentido. Esbarrando em significados. Que devem ser.