Então, corpo, eis a tua alma
Alma, este é teu corpo
Aceita-vos mutuamente como paixão completa
Como abraço sôfrego de carne e pensamento
Costura singela, reunião breve
Amarrados um ao outro, ajuste a boca ao ruído de idéia
Ajuste os desejos ao alcance dos braços
Desafiem -se com doçura
E exijam simetria, sintonia...
Sincronia em meio ao caos
Mesmo que ocasionalmente a alma se debata
no interior dessa gaiola de ossos
E o corpo se curve desolado, sob o peso do infinito
Inflamem-se em febre de amor
Para que juntos construam a vida
Talvez a alegria
Reproduzindo-se em indeléveis saberes
De tudo que com a solicitude do outro,
Sentir, fazer, ver ou intuir
Até que a morte os separe novamente
Brutal e resignada
Carrasco e Redentora
Na secção silenciosa dos deuses
Temporária solidão
Um comentário:
Gostei muito Rafa, você colocou de um modo que a relação corpo e alma é como uma relação humana; tem que ter carinho, paixão, e respeito pelas diferenças!
Como sempre, admiro a força e precisão das suas metáforas. E adoro quando você escreve poesias também!
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