A vida vai se amarrando, amarrando em costura simétrica. Frouxa em pontas, apertada em meios. Por vezes, confusa em seus nós. Outras, demasiadamente óbvia em tilintar de agulhas. Todas essas armadilhas manchadas com significado profundo. Todas essas necessidades de ser mascaradas de acaso. De sem sentido. De sem querer.
Mas jaz um porquê. Jaz um deve ser. Nunca entendi esses cálculos do tempo. Esse colidir de momentos, entrelaçar de pessoas, roçar de ações que constrói o mosaico, o bordado.
Nunca compreendi o Universo. Que sentado tudo tece. Espalhe-nos. Reúne-nos. Aperta-nos. Quase nos sufoca. Para depois nos libertar numa doce soltura que é mais soltura por causa da antiga prisão. Talvez seja privilégio de outros enxergar a obra por cima. Talvez apenas tecer nos caiba. Ou mesmo quebrar a cabeça em mistérios de vida consista também em simetria deste nó. Destino.
No momento, há liberdade. Um pouco de cansaço pelas idas e vindas da vida. No entanto, essa linha verde se mantém. Intacta em alguns aspectos. Puída em outros. Se mantém abraçando-se em outras cores. Coexistindo. Incorporando vales e mares de paisagens. Também absinto. Camuflada de sem querer. Disfarçada de acaso. Insignificante sentido. Esbarrando em significados. Que devem ser.
2 comentários:
É bom sermos às vezes apenas uma parte no todo, e outras, o todo das partes... acho que cansaria ficar só em um. e a surpresa é maior quando, de súbito, temos uma visão mais ampla!
e é também confortante poder se entregar ao acaso algumas vezes...
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