Como ardem as labaredas
Sobre o movimento das tuas falanges
Nesse roçar displicente
De antecipação resoluta
Quando estimula em mim
Pequeno Ártico
Essa vontade louca de ser
Febre virulenta
Corpo escaldado
Choque de amarelo pus
Inflamando-se em vermelho
Ferroada dos trópicos
Algo assim como vento sem rédeas
Universo sem Deus
Vadia mundana
Não há paraíso longe desse sangue
Dessa alegria incolor
Jorro prolongado
Insuportável
Tão terrível
E de razão adormecida
Ao som de blues
Por que anestesiar o pensar para sentir?
E raciocinar sem coração
Com engrenagem indolor
Vejo essas duas linhas
Como navegações de mim mesma
Extensões de meus anseios
Rudes, divididas
Vejo-as paralelas
Sem nunca se tocarem
Sol e Lua
Aqui e o não mais
Nunca sobrepondo-se
Nunca se chocando
Em colidir
doce e incerto
Você ou eu
Nunca nós
Corpo em gozo
Razão adormecida
Esquecida
Essas fronteiras
Divisórias de mim
Pequeno Ártico
Um comentário:
arrebentou! esse texto tá pulsando de tão vivo Rafa!
mas devo acrescentar que nunca achei suas reflexões frias, sempre acho que são inspiradas por algo maior!
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