terça-feira, 17 de novembro de 2009

Ressaca



Toda vez que me reparto
fere um pouco em agonia

Temo tanto esse complexo
Esse somar de ondas,
desnivelamento barulhento
água e sal arrebentando,
já que muito em pouco me tornei
um pouco assim como ilhota

Ilhota pequenina cercada de mar oceano
Com terras que flutuantes calam
Nauseiam
Firmando no pedaço de mim mesma
a extensão dessa dor
que no ventre da pequena ilha,
É também o que sou

Aquieta-te hoje, ressaca da noite
Embala minha ilha
Com mãos mais leves
Deixa enterrada, a oxidada prataria
Submergido, o pesado tesouro
de piratarias remotas
sem bravuras, sem louros

Para sempre quieto,
em águas diáfanas,
parte de mim, parte das ondas
o que respira por baixo da terra
Infecção suturada
Baú com ferrolhos
Ilha rachada


Para sempre mutilado em torpor
Resíduo adormecido
Ferrugem escarnecido
Subconsciente, meu amor

Aquieta-te ondas
Por hoje, nada da tristeza
No teu sal, na tua furiosa paz
quando o mar te traz
Mãos suaves em minha terra
quando o mar me leva


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