Há de se beber
a boca em carne viva
Sorver
Da febre sentida,
A labareda de nós em tanto
O beijo roubado em vida
Os lábios sangue ferida
E seu traje de encanto
Enquanto você beijava
Eu raiava
E entardecia
Na mais íntima poesia
Se movendo ao tempo
Estranho movimento
Não só de bocas
Mas também de vidas
De linhas bem lidas
De rimas tão soltas
Amor é fogo que arde sem se ver
É língua em teu beijo Camões
Amar é queimar sem saber
Derreter nesses mares vulcões
Navegar é preciso
E se encontrar na funda dor
Do despetalar de Narciso
Tão contrário a todo amor
Um comentário:
apreciei muito a coletânea!
gostei da mensagem também, inclusive o seu `navegar é preciso`ficou bem oposto ao do Pessoa, que depois diz: `viver não é preciso`...
concordo mais contigo... dores fundas podem ser mais um motivo de encontro!
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