segunda-feira, 1 de março de 2010

Muda



Preciso da vida simples dos campos,

das colinas, do corpo da natureza

suave em penugem limpa

com o cheiro verde

de mãos em raízes

da vegetação incerta

do suor da chuva

e das maçãs do rosto em punhados de terra

para andar até mim mesma

e contemplar o essencial nascer

o essencial se pôr

e cá morar

como vida também simples

necessitando de menos

e sendo menos


A vida dos campos

Longe do ar rarefeito, maciço

e do choque anestesiante das metrópoles

da explosão elétrica em neon,

De vozes sem nada dizer

por corações ligados a tomadas

O viver ramificado ao concreto

do vazio concreto

Quero plantar a alma

Como flor muito miúda

Em solo mais fértil

E em todas as direções vê-la se expandir

Como mar de vida daninha

Florescer

Acenar ao vento

com esse cheiro branco

de liberdade se movendo livremente

tão natural

naturalmente correndo

sangue em artérias

esguichando de mim