segunda-feira, 15 de junho de 2009

Mermaid



"Quando a juventude se sentar ao canto como uma distinta e velha senhora, quando meu orgulho se despir de suas cores vivas e brutais e a vaidade partir como um pássaro diante da iminência de inverno... Quando todas as inquietações caírem aos meus pés como folhas ressequidas e mortas, talvez eu possa viver em algum lugar pequeno e claro. Talvez, eu possa pintar telas menos viscerais, menos vivas. Talvez, eu mesma possa me tornar menos. E assim, exigir menos, querer menos. E ver menos. E finalmente, precisar de cuidados. Porque nunca precisei de nada. Nem de ninguém. Exceto do pequeno espaço que você ocupa e no qual faz caber a extensão desse mesmo universo que sempre rejeitei.
Estaria lá comigo, Isabelle? Levaria ao mar esse animal de escamas arrancadas e guelras entupidas? Esse ser de membros costurados e pulmões dilacerados? Levaria, Isabelle? Levaria?”

(Ao Útero)

Um comentário:

Priscila disse...

Uau! Acho que é um dos meus trechos preferidos Rafa! Adorei a imagem das folhas secas caindo como inquietações da vida que vão morrendo. Interessantíssima essa personagem com tanta consciência e paixão ao mesmo tempo.