segunda-feira, 20 de abril de 2009

Núpcias

Então, corpo, eis a tua alma

Alma, este é teu corpo

Aceita-vos mutuamente como paixão completa

Como abraço sôfrego de carne e pensamento

Costura singela, reunião breve

Amarrados um ao outro, ajuste a boca ao ruído de idéia

Ajuste os desejos ao alcance dos braços

Desafiem -se com doçura

E exijam simetria, sintonia...

Sincronia em meio ao caos

Mesmo que ocasionalmente a alma se debata

no interior dessa gaiola de ossos

E o corpo se curve desolado, sob o peso do infinito

Inflamem-se em febre de amor

Para que juntos construam a vida

Talvez a alegria

Reproduzindo-se em indeléveis saberes

De tudo que com a solicitude do outro,

Sentir, fazer, ver ou intuir

Até que a morte os separe novamente

Brutal e resignada

Carrasco e Redentora

Na secção silenciosa dos deuses

Temporária solidão

Um comentário:

Priscila disse...

Gostei muito Rafa, você colocou de um modo que a relação corpo e alma é como uma relação humana; tem que ter carinho, paixão, e respeito pelas diferenças!
Como sempre, admiro a força e precisão das suas metáforas. E adoro quando você escreve poesias também!