terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Entre tanto


Como ardem as labaredas


Sobre o movimento das tuas falanges


Nesse roçar displicente


De antecipação resoluta


Quando estimula em mim


Pequeno Ártico


Essa vontade louca de ser


Febre virulenta


Corpo escaldado


Choque de amarelo pus


Inflamando-se em vermelho


Ferroada dos trópicos


Algo assim como vento sem rédeas


Universo sem Deus


Vadia mundana


Não há paraíso longe desse sangue


Dessa alegria incolor


Jorro prolongado


Insuportável


Tão terrível


E de razão adormecida


Ao som de blues


Por que anestesiar o pensar para sentir?


E raciocinar sem coração


Com engrenagem indolor


Vejo essas duas linhas


Como navegações de mim mesma


Extensões de meus anseios


Rudes, divididas


Vejo-as paralelas


Sem nunca se tocarem


Sol e Lua


Aqui e o não mais


Nunca sobrepondo-se


Nunca se chocando


Em colidir


doce e incerto


Você ou eu


Nunca nós


Corpo em gozo


Razão adormecida


Esquecida


Essas fronteiras


Divisórias de mim


Pequeno Ártico

Um comentário:

Prika disse...

arrebentou! esse texto tá pulsando de tão vivo Rafa!
mas devo acrescentar que nunca achei suas reflexões frias, sempre acho que são inspiradas por algo maior!